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Reutilização e tratamento de água é saída para uma produção de jeans sustentável no Agreste de Pernambuco


Por: REDAÇÃO Portal

Dados apontam que apenas 40% das lavanderias de jeans fazem tratamento de água na região

Dados apontam que apenas 40% das lavanderias de jeans fazem tratamento de água na região

Foto: Foto Reprodução

27/09/2023
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O Agreste de Pernambuco é considerado segundo dados, um dos maiores produtores de confecções do mundo. Com uma média de 800 milhões de peças do vestuário produzidas por ano, cidades como Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, se destacam por aglomerar o maior número de pequenos e grandes empreendimentos do seguimento. Mais de 24 mil pequenos empreendedores produzindo este tipo de produto na região, geram em torno de R$ 5 bilhões a cada ano.

Esses números expressivos seriam ainda mais relevantes se na contramão dessa produção, as águas dos principais riachos e rios não fossem afetadas pelo efeito, que com o avanço produtivo, acabam desviando a atenção para as necessidades de preservação do meio ambiente. Para se ter uma ideia, a cada lavagem simples de uma peça de jeans, cerca de 70 litros de água são utilizados. Se a quantidade chama a atenção, é incalculável imaginar o prejuízo ambiental causado por centenas delas produzidas e lavadas por hora, nas famosas lavanderias, que dão vida ao tecido bruto.

Não bastasse o custo para lavagem das peças, a água que recebe uma quantidade expressiva de produtos químicos, na sua grande maioria é despejada nos córregos e riachos, que seguem para os principais rios da região, como é o caso da poluição e agressão ao Rio Capibaribe, presente nas cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, além do Ipojuca em Caruaru, ambos cortam várias outras cidades produtoras de confecções na região.

Produzindo desde meados da década de 1980, lá se vão quase 40 anos desde que a produção da confecção se aliou ao padrão de lavagem com o uso da química, o que aumenta a preocupação dos estudiosos na pauta dos riscos que a poluição está causando através do descarte irregular na natureza. Como explica o Biólogo Professor Alexandre Nunes.

Infelizmente a tinta usada pelas lavanderias e jogados nos rios, vai trazer um processo chamado de eutrofização, que a tinta fica na superfície, a luz não consegue entrar na água, e dentro da água existe o fitoplâncton que necessitam de luz para produção do oxigênio, com essa falta, qualquer forma de vida não conseguirá sobreviver.”

Imaginando que a falta de oxigênio afeta não só as espécies que vivem nos rios, mas também aquelas que utilizam do líquido para a sobrevivência, já que a água é fonte de vida, ainda mais em uma região que o abastecimento é escasso, e as populações necessitam dos afluentes para se reabastecerem, o prejuízo aumenta sem que seja percebido pela força do homem na natureza.

Para minimizar as consequências, algumas medidas estão sendo tomadas individualmente por parte dos produtores, na tentativa de diminuir os impactos do processo de produção. Segundo o Biólogo, o setor é o segundo que mais polui o meio ambiente, e que precisa de medidas sustentáveis e imediatas, explica;

Há em nossa região um segmento que reutiliza a água e reaproveita as sobras de tecidos - são as empresas sustentáveis. A indústria têxtil é de extrema importância na nossa economia, precisando que os órgãos ambientais, as universidades e o poder público forneçam apoio tecnológico e conhecimento, principalmente aos pequenos e médios fabricantes, para que produza em larga escala e minimize os impactos ambientais”.

A boa notícia no entanto, já está acontecendo, e as indústrias já estão em um processo de modernização e qualificação sustentável para garantir uma produção eficiente e cuidadosa. É o exemplo da empresa de lavagem de confecções LGN, situada no distrito de Cachoeira Seca, em Caruaru-PE, que realiza um processo de reutilização da água que antes era despejada diretamente na natureza sem o devido cuidado. Segundo o proprietário, Luiz Neto, os resultados já se apresentam satisfatórios quando comparados ao processo anterior.

Reduzimos em torno de 40% a 50% o consumo total que antes usávamos para lavagem. Isso é possível com o uso de ozônio e do laser, que fazem parte do processo de lavagem e secagem das peças. Além do tratamento para reutilização da água, que garante uma economia de 90%.”

Da quantidade de química que é retirada no tratamento, a água vira lodo, que é separado em tanques e posteriormente levados para aterros especializados no descarte de todo material, que antes era totalmente recebidos pela natureza. O detalhe é que das 800 unidades de lavagem presentes no Agreste de Pernambuco, apenas 40% buscam tecnologias para melhorar no sentido eficiente.

No mesmo seguimento de reutilização, uma outra lavanderia situada no município de Toritama, deu início ao processo de tratamento da água bem cedo, no início dos anos 2000. Logo quando as empresas começaram a ser notificadas pelo CPRH, órgão que fiscaliza o impacto da indústria na natureza. Sendo uma das pioneiras a adotar o processo na cidade, que conta com dezenas de lavanderias, a Céu Azul tem no nome um bom motivo para contribuir com o meio ambiente, e o proprietário Célio Tavares fala sobre os impactos positivos após a modernização do processo produtivo.

Precisamos estar sempre nos atualizando com novos equipamentos e processos que contribuam para o crescimento do negócio e claro, visando agredir cada vez menos o meio ambiente através da qualificação do que é empregado na produção.”

O processo de reutilização da água, não só permite uma diminuição no custo para realização do processo, como ajuda a devolver a água de forma tratada para a natureza, ajudando a evitar os problemas acima citados a longo prazo, e contribuindo para uma melhor qualidade de vida e desenvolvimento sustentável da região.

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