Plano de retomada frustra o setor industrial de Pernambuco
Depois de 75 dias, o anúncio do Governo não atende as expectativas do setor e posterga a possibilidade de uma retomada econômica local

As medidas de relaxamento propostas pelo Governo do Estado desapontaram o setor industrial de Pernambuco. Isso porque, a lenta retomada de outros setores econômicos, como comércio e serviços, põe em xeque a produtividade da indústria e retarda a recuperação econômica local. Somente o funcionamento pleno da cadeia produtiva seria capaz de trazer de volta a previsibilidade dos negócios e evitaria o fechamento das empresa e dos postos de trabalho.
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE), Ricardo Essinger, apesar de existir um plano de retomada, os cenários são incertos e não trazem confiança ao empresariado. “Dentro do plano apresentado, e considerando os melhores cenários, precisaríamos ainda de sete semanas para tudo estar funcionando em sua plenitude. Ou seja, não sabemos se muitas empresas chegarão até lá e isso também acende o alerta para nós”, destacou.
A observação de Essinger tem a ver com o fato, por exemplo, de o polo de confecções passar a produzir em grande escala, mas não ter para quem escoar a produção. O mesmo raciocínio vale para os demais setores, como o de alimentos e bebidas, que dependem do funcionamento de bares e restaurantes; e o da produção de gesso, tintas, serrarias, vidros e cimentos, que também necessitam de uma melhora no cenário da construção civil, setor que está paralisado desde o dia 23 de março. No País, apenas Pernambuco e Piauí sofreram com paralisações nos canteiros das obras privadas durante a pandemia.
Ainda na análise do presidente da FIEPE, boa parte das medidas propostas pelos empresários não foi atendida e o prazo para retomada pode ser fatal para muitas pequenas empresas, que já deram férias coletivas, suspensão do contrato de trabalho e se vêm sem fluxo de caixa para manter as vagas de emprego e a sua própria existência. “A indústria alimenta o comércio, os serviços e a construção. Se estas atividades ficam muito restritas, somos afetados”, alertou.
Essinger aproveitou ainda para reafirmar que o cuidado com a saúde está em primeiro lugar e que medidas de prevenção estão sendo tomadas para evitar o contágio. É tanto que, segundo ele, as indústrias em atividades em todo Brasil vêm apresentando pouco ou nenhum caso de contaminação. “Temos protocolos rígidos”, assegurou. Segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), só 1% dos trabalhadores da construção foram infectados pela Covid-19, dos quais, só 0,01% morreram.
CONSTRUÇÃO CIVIL
Endossando o coro das indústrias atendidas parcialmente pelo plano de retomada do Governo, está a construção civil. Na visão do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco (Sinduscon), Érico Furtado, a solução proposta se mostrou inviável social e economicamente. “As empresas de construção civil não teriam como manter 50% do efetivo em casa, sendo certa a demissão de cerca de 25 mil funcionários até o fim deste ano”, disse. Além do contingente de trabalhadores ser um empecilho, fatores como a mudança no horário da jornada e o tráfego dos colaboradores do setor nos horários de pico também foram vistos como pontos sensíveis no momento atual.
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