Novas termelétricas consolidam gás natural como fonte de energia complementar as renováveis
Modelo é considerado fonte de transição para garantir o fornecimento de energia firme.
Foto: Pixabay
As termelétricas a gás natural voltam a ganhar destaque no mercado como garantia de fornecimento estável de energia elétrica. A primeira audiência pública sobre o projeto estava marcada para ocorrer no início deste mês, mas a etapa foi suspensa por uma decisão liminar da Justiça. O empreendimento é da Natural Energia, empresa do Rio de Janeiro e que atua com geração eólica e solar no Ceará, Rio Grande do Norte e Minas Gerais, que planeja o início das operações em cinco anos.
Mas este não é o único empreendimento do gênero que está prestes a sair do papel. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) compilados pela Orbsee Technologies mostram que o país tem 319 termelétricas (UTE) em operação, com capacidade acima de 30 MW — 202 delas operam com resíduos agroflorestais, 61 a gás natural, 41 a óleo, 10 a carvão e cinco em outras modalidades.
Segundo a agência reguladora, existem outras 37 UTES em construção. Em São Paulo, 71% da geração de UTEs advém de biomassa e as usinas a gás natural somam apenas 51.
Em 2022, com as chuvas mais fartas nos reservatórios, as termelétricas tiveram queda de 32% no fornecimento para o setor elétrico como um todo. Sua participação na matriz elétrica brasileira ficou em apenas 6,1%, abaixo dos 11,8% das eólicas, por exemplo.
Principal fonte de transição
O professor Fernando Caneppele, especialista em energias renováveis da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do uso de inteligência artificial no mercado elétrico, diz que o gás natural é hoje a principal fonte de transição para garantir o fornecimento energia firme.
"Entre os combustíveis fósseis, o gás natural é o menos poluente. Estamos avançando, mas ainda é impossível armazenar energia das fontes renováveis em baterias para abastecer grandes centros urbanos ou países. A saída é fazer a gestão inteligente da demanda por energia elétrica, investir em redes inteligentes de transmissão e distribuição e diversificar as fontes de energia" avalia.
Segurança em picos de demanda
Reinaldo da Cruz Garcia, diretor de Estudos de Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério das Minas e Energia, afirma que as termelétricas, em especial as movidas a gás natural, continuarão exercendo importante papel para segurança do suprimento de energia elétrica no Brasil.
"Em diversos países, o gás natural é o principal combustível na transição energética, por garantir a entrada segura de fontes renováveis com um nível de emissão de gases causadores do efeito estufa menor quando comparado com outros combustíveis fósseis. No Brasil, além de ajudar na segurança do sistema para compensar a variação das fontes eólicas e solares, as termelétricas também são muito importantes nos momentos em que chega pouca água aos reservatórios das hidrelétricas. Quando temos longas estiagens, outras tecnologias são necessárias para substituir, de modo constante, a oferta hidrelétrica", ressalta.
Segundo Reinaldo da Cruz, a diversidade de modelos de negócios permite que as termelétricas sejam usadas para geração em momentos de carga máxima do sistema, que ocorrem em períodos de temperaturas muito elevadas — como tem ocorrido durante as ondas de calor, cada vez mais comuns no país.
Em novembro passado o país bateu o segundo recorde consecutivo de consumo de energia elétrica. Foi o maior consumo de toda a série histórica desde 2004, segundo a EPE. O aumento do consumo foi impulsionado pelas ondas de calor. Residências e comércio tiveram aumentos acima de dois dígitos.
Garcia lembra que a EPE está atenta à segurança do Sistema Interligado Nacional devido ao alto grau de penetração de fontes renováveis e que o desafio não é só no Brasil, mas de muitos outros países.
"O Brasil tem grandes reservas de gás natural, em especial as do pré-Sal e o aproveitamento desse recurso será necessário não só para o setor elétrico, mas também para ajudar o desenvolvimento da economia e o fortalecimento do mercado interno de gás natural", concluiu Reinaldo da Cruz.
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