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Estudo investiga impactos da Zika e da Covid na saúde reprodutiva de mulheres pernambucanas


Por: REDAÇÃO Portal

Projeto internacional retoma entrevistas com 4 mil mulheres em Pernambuco e abre espaço para novas participantes

Projeto internacional retoma entrevistas com 4 mil mulheres em Pernambuco e abre espaço para novas participantes

Foto: Divulgação/Decode Zika and Covid (DZC)

06/05/2025
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Quase uma década depois da emergência da epidemia de Zika no Brasil e em meio aos efeitos ainda recentes da pandemia de Covid-19, pesquisadoras iniciam uma nova etapa de um estudo que busca entender como crises sucessivas de doenças infecciosas influenciaram a vida reprodutiva das mulheres brasileiras. Nesta fase, o estudo coleta dados de mulheres que vivem em cidades da Região Metropolitana do Recife, do Agreste e da Zona da Mata, em Pernambuco.

A pesquisa Decode Zika and Covid (DZC), liderada pela doutora em Sociologia com ênfase em Demografia Letícia Marteleto, da Universidade da Pensilvânia, e coordenada no Brasil pela doutora em Sociologia Ana Paula Portella, acompanha cerca de 4 mil mulheres em Pernambuco desde 2019. O estudo investiga como experiências com doenças como a Zika e a Covid-19 moldaram decisões sobre maternidade, saúde sexual, condições de vida e bem-estar infantil. 

“Em um país amplo e diverso como o Brasil, o estudo explora como as experiências individuais e contextuais das mulheres, bem como as "cicatrizes" de suas experiências com epidemias passadas, influenciam suas vidas reprodutivas antes, durante e depois da pandemia de Covid”, afirma a pesquisadora Letícia Marteleto.

Agora, em 2025, o estudo inicia a quarta rodada de entrevistas e busca também novas participantes. A coleta de dados será feita presencialmente, por meio de visitas domiciliares realizadas por pesquisadoras treinadas, em parceria com a empresa Datamétrica, exclusivamente na Região Metropolitana do Recife. Nas demais regiões, a pesquisa será feita por ligação telefônica com mulheres que já participam do estudo.

Durante a fase anterior da pesquisa, realizada entre 2020 e 2021, o levantamento revelou que 32% das mulheres mudaram de ideia sobre engravidar por causa da pandemia. O acesso a serviços de saúde foi dificultado para 36% das entrevistadas — um índice que chegou a 44% entre mulheres negras. 

Segundo Letícia Marteleto, aquelas mais afetadas pelo Zika tendem a modificar suas intenções de serem mães, optando por adiar ou evitar uma nova gestação.
“As mulheres mais afetadas pelo Zika mudaram suas intenções, preferindo não ter filhos durante a Covid-19. Também descobrimos que as mulheres afetadas pelo Zika eram mais propensas a expressar que queriam a esterilização durante a Covid-19”, diz.

A pandemia também acentuou desigualdades econômicas: metade das mulheres entre 18 e 34 anos relatou perda de renda, e mais de 90% disseram ter enfrentado dificuldades para pagar contas básicas. Alterações na alimentação, aumento do trabalho doméstico e redução do acesso a métodos contraceptivos também foram registrados. 

A pesquisa é financiada pelo Instituto Nacional de Saúde e Desenvolvimento Infantil e Humano Eunice Kennedy Shriver (NICHD) e conta com a colaboração de pesquisadores de instituições como a American University, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 

Recrutamento de voluntárias

O estudo está em busca de mulheres pernambucanas para participar da pesquisa. A coleta de dados será realizada por meio de entrevistas presenciais e telefônicas. As entrevistas presenciais serão feitas com mulheres entre 23 e 50 anos sorteadas aleatoriamente durante o trabalho de campo. Já as entrevistas por telefone serão realizadas com participantes das fases anteriores do estudo, com o objetivo de acompanhar se e como suas decisões reprodutivas mudaram ao longo do tempo.

Para a coordenadora da pesquisa, Letícia Marteleto, o envolvimento das mulheres é essencial para ampliar o alcance da ciência e fazer com que suas experiências de vida sejam ouvidas e valorizadas.

 “Estas entrevistas começaram em 2019 e irão até 2029. Este é o maior estudo em painel já feito com mulheres no Brasil e na América Latina. Isto em si já é uma conquista para a Ciência brasileira. Sua participação vai ajudar não só a projetar sua voz como representante do povo recifense – e brasileiro – mas também levar ao mundo a potência e competência da pesquisa de ponta no Brasil”, afirma.

As visitas são realizadas com total garantia de sigilo e segurança, e a participação é fundamental para ajudar a entender os efeitos duradouros das crises sanitárias na vida reprodutiva das mulheres.

Mais informações sobre a pesquisa estão disponíveis no site oficial do projeto.

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