Brasil não descarta recurso a OMC contra tarifaço dos Estados Unidos
Governo tentará antes negociar reversão de medida de Trump

Foto: Markus Winkler/Pexels
O Brasil não descarta a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço dos Estados Unidos, informaram agora à noite os ministérios das Relações Exteriores (Itamaraty) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). No entanto, a prioridade do governo brasileiro neste momento é negociar a reversão das medidas anunciadas nesta quarta-feira (2) pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
“Ao mesmo tempo em que se mantém aberto ao aprofundamento do diálogo estabelecido ao longo das últimas semanas com o governo norte-americano para reverter as medidas anunciadas e contrarrestar seus efeitos nocivos o quanto antes, o governo brasileiro avalia todas as possibilidades de ação para assegurar a reciprocidade no comércio bilateral, inclusive recurso à Organização Mundial do Comércio, em defesa dos legítimos interesses nacionais”, destacaram as duas pastas, em nota conjunta.
O comunicado lembrou que as medidas de Trump violam as regras da OMC. O texto também ressaltou a aprovação pelo Congresso Nacional, em caráter de urgência, do projeto de lei que autoriza o Brasil a retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos do Brasil, a chamada Lei da Reciprocidade
Segundo o Mdic e o MRE, a sobretaxação de 10% para os produtos brasileiros impactará todas as exportações do país para os Estados Unidos, o segundo maior parceiro comercial do Brasil. O governo pretende atuar em conjunto com as empresas dos setores afetados para defender os interesses comerciais do país.
“Em defesa dos trabalhadores e das empresas brasileiros, à luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras e em linha com seu tradicional apoio ao sistema multilateral de comércio, o governo do Brasil buscará, em consulta com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos”, informou a nota.
Estatísticas
Os dois ministérios relembraram as estatísticas comerciais do próprio governo norte-americano. A balança comercial é mais vantajosa para os norte-americanos porque o Brasil mais importa do que exporta para os Estados Unidos.
“Segundo dados do governo norte-americano, o superávit comercial dos EUA com o Brasil em 2024 foi da ordem de US$ 7 bilhões, somente em bens. Somados bens e serviços, o superávit chegou a US$ 28,6 bilhões no ano passado. Trata-se do terceiro maior superávit comercial daquele país em todo o mundo”, mencionou o comunicado.
Nos últimos 15 anos, o superávit comercial dos Estados Unidos com o Brasil ultrapassa os US$ 400 bilhões. Dessa forma, o governo brasileiro considera que a medida unilateral de Trump não representa a realidade.
“Uma vez que os EUA registram recorrentes e expressivos superávits comerciais em bens e serviços com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos, totalizando US$ 410 bilhões, a imposição unilateral de tarifa linear adicional de 10% ao Brasil com a alegação da necessidade de se restabelecer o equilíbrio e a ‘reciprocidade comercial’ não reflete a realidade”, acrescentou a nota conjunta.
Por Agência Brasil
Notícias Relacionadas
- Por REDAÇÃO
- 18/08/2025
Brasileiros não resgatam de R$ 10 mil a R$ 50 mil de parentes mortos
Levantamento foi feito por plataforma de planejamento pós-perda
- Por REDAÇÃO
- 18/08/2025
Alckmin: socorro a exportador não causará impacto fiscal
Medida Provisória em vigor deve ser aprovada em até 120 dias
- Por REDAÇÃO
- 18/08/2025
Federação critica lei que desobriga Petrobras de operar todo o pré-sal
Descoberta recente da BP Energy reacende insatisfação
- Por REDAÇÃO
- 15/08/2025
STF valida lei que permite devolução de valores pagos na conta de luz
Consumidor tem 10 anos para pedir dinheiro de volta
- Por REDAÇÃO
- 15/08/2025
BB tem lucro de R$ 11,2 bi no primeiro semestre, queda de 40,7%
Novas regras contábeis e inadimplência no agronegócio pesaram
- Por REDAÇÃO
- 15/08/2025
Furto de combustível em dutos volta a subir depois de seis anos
Média mensal subiu 36% de 2024 para 2025, mostram dados da Transpetro