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Panorama da Indústria Pernambucana: desafios, estratégias e inovação


Por: REDAÇÃO Portal

A indústria de Pernambuco exportou US$ 2.252 milhões em 2022

A indústria de Pernambuco exportou US$ 2.252 milhões em 2022

Foto: Pexels

29/09/2023
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As indústrias têm um grande impacto na economia global, sendo fundamentais quando se trata do desenvolvimento econômico dos estados brasileiros, como exemplo, o estado de Pernambuco, um importante polo industrial do Nordeste, com destaque para os setores de alimentos, bebidas, têxtil, calçadista, automotivo e de tecnologia da informação.

As indústrias além de proporcionar emprego e renda impulsionando a economia, contribuem para o desenvolvimento de novas tecnologias e para a modernização da infraestrutura do estado. Elas também são responsáveis por impulsionar o comércio local e atraem investimentos de outras regiões do país e do exterior.

Exportação e mercado exterior 

Segundo levantamentos realizados pelo Comex Stat, em 2023, os principais produtos brasileiros exportados de Pernambuco são: combustíveis, minerais, lubrificantes e materiais relacionados; máquinas e equipamentos de transporte, produtos químicos e relacionados; artigos manufaturados; e produtos alimentícios e animais vivos.

Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a indústria de Pernambuco exportou US$ 2.252 milhões em 2022. O estado é o décimo terceiro colocado em exportações industriais do país e o setor mais importante para as exportações industriais do estado é o de alimentos, responsável por 72,88% do total exportado em 2022. A indústria é responsável por 90,5% das exportações efetuadas pelo estado. Já os produtos manufaturados, representam 85,2% do total das exportações. 

Segundo o economista e diretor da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), Pedro Neves, há dois ganhos com a exportação. “O primeiro é o aumento da competitividade, quando nosso produto ele vai para outro país, significa que ele teve que se adequar se adaptar, ganhar mais maturidade por parte do empresário, por parte do desenvolvimento dos produtos [...] muitas vezes os países que vão receber esses produtos nossos, são países muito maduros e desenvolvidos, e aí eles têm níveis de exigências maiores, então fazem os nossos produtos, a nossa produtividade, a nossa indústria, ser mais eficiente. O segundo fator, é que a gente tem um ganho também cambial em razão da variação cambial, da valorização do dólar, da valorização do euro perante o real.”

Pedro Neves diz ainda, que existem dados recentes que mostram que no primeiro semestre de 2023, Pernambuco já cresceu acima dos seus principais concorrentes do Nordeste, que seria o Ceará e a Bahia, segundo ele. “Estamos aí com o nível de qualificação através de programas de qualificação técnica dentro das escolas e também de universidades, que  está dando esse salto de qualificação. E programas que já botam Pernambuco ali entre os cinco estados com maior índice de liberdade econômica, abaixo apenas de estados como Minas Gerais e São Paulo”, explica Pedro. 

Desafios

Apesar disso, as indústrias também precisam seguir normas e regulamentações para minimizar impactos ambientais e garantir um desenvolvimento sustentável no estado. E dentre tantos desafios para realização de suas operações, as indústrias também sofrem com a forte concorrência no mercado, o que exige uma constante busca por inovação e diferenciação para se manterem competitivas; a falta de infraestrutura adequada, como estradas e portos, podendo dificultar a logística de transporte de matérias-primas e produtos acabados; escassez de mão de obra qualificada, e problemas com legislação e à regulamentação, que podem aumentar os custos operacionais e dificultando a expansão dos negócios.

O economista da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Cézar Andrade, comentou sobre esses desafios, destacando também a carga tributária; a Taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia; e a falta de mão de obra qualificada no mercado como fatores prejudiciais. “A indústria Pernambucana, hoje é a mais penalizada pelo atual sistema tributário pagando a maior fatia e isso prejudica o crescimento, o desenvolvimento das indústrias, encarecendo os processos produtivos, encarecendo os produtos, encarecendo o produto final.”

Ele explica que essa taxa de juros elevada dificulta que os empresários tenham acesso ao crédito, que fica mais caro. E o crédito, segundo ele, é essencial para que as empresas consigam arcar com dívidas, aumentar sua capacidade de produção e se desenvolver. “A Fiepe produziu no ano passado, um documento intitulado como proposta de uma política industrial para o estado de Pernambuco em que diversas ações, que caso executadas, quando executadas, levarão a uma maior competitividade da Indústria pernambucana com relação a outros concorrentes. Entre as ações, a questão da infraestrutura, onde a gente pede a conclusão da ferrovia Transnordestina que vai melhorar o transporte dos produtos e vai reduzir o preço do frete e também a questão logística, com o arco metropolitano. Tem ações de tributação, tem ações de meio ambiente de recursos hídricos e energia, que sendo elaborados, farão com que aumente a competitividade e eleve o crescimento da indústria pernambucana”, explica.

Tecnologia como aliada 

Outro ponto crucial quando se trata de desenvolvimento e crescimento das indústrias, é a própria Indústria 4.0. Trata-se de um conceito que se refere a uma nova revolução industrial baseada no uso de tecnologias avançadas, como inteligência artificial, internet das coisas, robótica e big data, para tornar os processos industriais mais eficientes, inteligentes e modernos.

Com a Indústria 4.0, é possível criar fábricas e indústrias inteligentes, capazes de se adaptar rapidamente às mudanças do mercado e produzir produtos personalizados em larga escala. Sem contar na redução dos custos e na maior qualidade dos produtos. 

Mas não se restringe apenas ao processo produtivo industrial, a Indústria 4.0 também tem transformado a forma como as empresas se relacionam com seus clientes, por meio de soluções digitais que permitem uma maior interação e personalização dos serviços.

O professor do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco e conselheiro do Porto Digital, Geber Ramalho, explica que a principal barreira na implementação da Indústria 4.0, são as questões culturais e humanas e comenta a descrença de algumas pessoas nos dados. “Não se trata apenas de pegar uma máquina “A” e substituir por uma máquina “B”, nunca é tão simples. Sempre requer mudança, redesenho dos processos produtivos de como as pessoas trabalham. Às vezes requer muito mais que isso, requer mudança de cultura. Por exemplo, dentro dessa lógica indústria 4.0, a ideia é que se tome decisões baseadas em dados, e não simplesmente no sentimento. Os dados podem estar lá, pode ter alguma inteligência artificial sugerindo alguma coisa, mas se o gestor não estiver a fim de tomar,  não acredita nisso e continuar acreditando na sua velha maneira de pensar nas coisas, vai ser difícil avançar”, afirma.

Geber Ramos conta que existem iniciativas, dois programas em particular, o PE 4.0 e o NE 4.0, que tem como foco a mudança da infraestrutura e do processo de formação de pessoas para implementação dessa indústria. Geber, que também atua como conselheiro do Porto Digital, também comenta a importância do Porto no estado. “A presença do Porto Digital no estado, de uma maneira geral, é muito benéfica. Porque é importante entender que a Tecnologia da Informação, ou simplesmente tecnologia digital, ela é transversal. Você tem tecnologia digital no agronegócio, nos bancos, na escola, na saúde, no transporte… então vários setores econômicos se beneficiam da tecnologia”, diz. 

O conselheiro também comentou sobre como as startups podem ser aliadas no processo de desenvolvimento. “As startups são justamente, a gente costuma dizer, entidades em busca de um modelo de negócio. eles estão testando, eles correm mais riscos. então em qualquer que seja o estado, a presença de startups é fundamental para arejar a economia, para promover a inovação, para testar novas possibilidades no mercado.” 

Com o avanço da tecnologia e a crescente demanda por soluções mais eficientes e sustentáveis, é provável que cada vez mais, as indústrias em Pernambuco e no mundo todo passem a adotar tecnologia inteligente em seus processos produtivos. Mas desafios, como exemplo, a citada carga tributária, ainda precisam ser superados para a indústria pernambucana alçar voos mais altos. 



 

 

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