Nordeste registra queda na contratação de unidades habitacionais
Decréscimo foi de 31% em oito anos.
Foto: Divulgação
Nordeste sofreu uma queda significativa de 31% na construção de unidades habitacionais, impactando diretamente o acesso à moradia popular. Os números indicam uma redução de 127 mil residências construídas em 2015 para 87 mil em 2022. Em Pernambuco, especialistas da área apontam o esgotamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) como a principal causa desse problema, uma vez que é a única fonte de recursos para financiar programas como o Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
Rafael Tenório Simões, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), enfatiza a necessidade urgente de buscar alternativas de crédito para garantir a continuidade dos projetos habitacionais. Segundo ele, o orçamento anual destinado ao programa no estado é de R$ 2,3 bilhões, porém, historicamente, apenas 70% desse montante é efetivamente utilizado, resultando em perdas significativas. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Pernambuco (Sinduscon-PE), Antônio Cláudio Barreto, ressalta que a retomada das obras públicas é um desafio importante para o setor e para os governos federal e estadual, em seus primeiros anos de gestão, ainda é necessário realizar ajustes e captar recursos financeiros.
De acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh-PE), o déficit habitacional em Pernambuco chega a 326 mil unidades. O investimento total previsto na construção civil em parceria com o programa Minha Casa, Minha Vida ultrapassa os R$ 4 bilhões anuais, gerando mais de 72 mil investimentos diretos e indiretos. Além disso, o governo estadual está alinhado com construtoras privadas para adaptar projetos de faixas de renda e valores de imóveis em cidades como Jaboatão dos Guararapes, Paulista e Camaragibe.
O programa Morar Bem dinâmico a modalidade "Entrada Garantida", que oferece R$ 20 mil para famílias com renda de até dois mínimos de negociação adquirirem novos imóveis de até R$ 190 mil. O programa conta com investimentos anuais de R$ 200 milhões do Fundo Estadual de Habitação de Interesse Social (Fehis) e tem capacidade para atender até dez mil famílias por ano. Segundo Simone Benevides, secretária da pasta, o convênio com a Caixa Econômica já foi contratado, e em breves empreendedores e beneficiários poderão calcular suas possibilidades por meio de um simulador online e revisar os contratos. A expectativa é que cerca de 100 imóveis sejam entregues ainda este ano, especialmente em projetos quase concluídos.
No Recife, o Gabinete do Centro está realizando um levantamento detalhado dos imóveis da região, incluindo seu uso atual e potencial de reocupação. Até o momento, 417 edifícios foram catalogados no Bairro do Recife, sendo 231 em uso, 28 em obras, 96 fechados, 32 propriedade do Porto e seis terrenos, totalizando mais de 603 mil metros quadrados de área construída. Ana Paula Vilaça, chefe do departamento, destaca que esse levantamento tem sido fundamental para atrair novos investimentos e promover o uso de imóveis ociosos, impulsionando a economia local.
Diante do grande número de imóveis em estado precário, alguns abandonados, que poderiam ser destinados à habitação ou ao comércio, a Prefeitura do Recife anunciou um mutirão para orientar os proprietários. Essa ação está programada para os dias 3 a 5 de outubro no tradicional edifício Chanteclair, na Avenida, das 14h às 17h. O objetivo é fornecer informações sobre isenções fiscais, regularização, licenciamento e outros tópicos relacionados. Os benefícios são aplicados a imóveis nos bairros do Recife, Santo Antônio e São José, e o atendimento deve ser agendado pelo site ou aplicativo do Conecta Recife.
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