
Haddad avalia medidas para coibir abusos em juros sobre capital
Segundo ministro, empresas manipulam regra para evitar pagar IR

Foto: Agência Brasil
O governo avalia medidas para coibir abusos na regra de distribuição de juros sobre capital próprio, disse nesta segunda-feira (24) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, a equipe econômica avalia o encerramento do mecanismo.
De acordo com Haddad, grandes empresas têm usado o regime para diminuírem artificialmente o lucro e pagarem menos Imposto de Renda. “Pega esse escândalo do juro sobre capital próprio, por exemplo. Bilhões são drenados dos cofres públicos para beneficiar meia dúzia de empresas que fazem engenharia tributária em cima de um dispositivo legal que hoje está sendo abusado. E assim vai. A caixa-preta que existe no Brasil é essa, é a maior caixa-preta do Brasil”, declarou o ministro ao voltar de reunião no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Atualmente, existem duas maneiras de as empresas distribuírem parte do lucro para os acionistas. A primeira ocorre por meio dos dividendos, obrigatórios pela Lei das Sociedades Anônimas, em que a empresa paga Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) sobre os lucros, mas o investidor não paga nada. A reforma do Imposto de Renda, a ser discutida no segundo semestre, pretende tributar os dividendos para pessoas físicas e diminuir a tributação sobre as empresas.
A segunda ocorre por meio dos juros sobre capital próprio, de caráter facultativo, em que a empresa não paga IRPJ e CSLL, mas o investidor paga 15% de Imposto de Renda retido na fonte. Os repasses de juros aos investidores são considerados como despesas e descontados do lucro.
O mecanismo foi criado para atrair investidores no mercado de ações e facilitar autofinanciamento com recursos dos sócios, ao estimular a distribuição de lucros pelas empesas. Segundo Haddad, no entanto, diversas empresas estão zerando os lucros artificialmente para transformá-los em juros sobre capital próprio.
“Têm empresas, para você ter uma ideia, que não estão tendo mais lucro. Têm empresas muito rentáveis que não declaram lucro e, portanto, não pagam Imposto de Renda Pessoa Jurídica. O que elas fizeram? Transformaram lucro artificialmente em juros sobre capital próprio. Não pagam nem como pessoa jurídica nem como pessoa física”, explicou Haddad.
No fim de março, ao anunciar o novo arcabouço fiscal, o ministro da Fazenda declarou que o governo pretende rever incentivos fiscais para reforçar o caixa entre R$ 110 bilhões e R$ 150 bilhões por ano a partir de 2024. Segundo ele, o governo não pretende criar impostos ou aumentar alíquotas, mas combater brechas tributárias e reverter desonerações.
Por Agência Brasil
Notícias Relacionadas
- Por REDAÇÃO
- 26/05/2023
Construção civil tem inflação de 0,40% em maio desse ano, diz FGV
Taxa é superior à observada no mês anterior 0,23%
- Por REDAÇÃO
- 26/05/2023
Ministro defende liberação de verba do FAT para alunos do ensino médio
Medida pode ser implantada de forma gradativa
- Por REDAÇÃO
- 26/05/2023
Anfavea: queda de impostos pode aumentar venda em até 300 mil carros
Fábricas produzirão mais e lockdowns estão suspensos
- Por REDAÇÃO
- 26/05/2023
Governo anuncia redução de até 10,96% no preço de carros novos
Redução de alíquotas de impostos possibilitará queda de preços
- Por REDAÇÃO
- 26/05/2023
BNDES anuncia R$ 3,6 bilhões para Pronaf Safrinha
Anúncio foi feito por Aloízio Mercadante em São Paulo
- Por REDAÇÃO
- 26/05/2023
Prévia de inflação oficial cai para 0,51% em maio
Taxa é inferior às observadas em abril deste ano e em maio de 2022