Às vésperas de encontro com Trump, Lula volta a criticar o uso do dólar
Presidente voltou a defender o comércio com moedas locais dos países como uma alternativa ao uso do dólar. Trump é contra, e o tema pode ser um dos pontos em discussão em possível encontro com Lula
Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido pelo presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, no Palácio Merdeka, nesta quinta-feira (23). Os líderes assinaram diversos acordos e firmaram parceria estratégica. Em declaração à imprensa, Lula confirmou que disputará o quarto mandato na eleição de 2026 e defendeu o multilateralismo nas relações entre países.
"Eu quero lhe dizer que eu vou completar 80 anos, mas pode ter certeza que eu estou com a mesma energia de quando eu tinha 30 anos de idade. E vou disputar um quarto mandato no Brasil", declarou.
Às vésperas de possível encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula criticou o protecionismo e voltou a defender o comércio com moedas próprias, sem uso do dólar. O tema é um dos pontos que está sobre a mesa na negociação com os EUA. Segundo o blog de Valdo Cruz, Trump quer que Lula abandone a ideia de substituir o dólar em transações do Brics.
"Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. Nós queremos democracia comercial e não protecionismo. [...] Tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas. Essa é uma coisa que nós precisamos mudar."
💰 Contexto: Lula defende a adoção de uma moeda diferente do dólar para comércio entre países do grupo há anos, como forma de diminuir a dependência da moeda americana. O Brics é um grupo de países emergentes que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, entre outros.
- A visita de Lula à Indonésia marca o início da agenda asiática do presidente, que tem como foco ampliar o comércio de proteína animal brasileira, reforçar parcerias ambientais e estreitar laços diplomáticos com países do Sudeste Asiático.
Nesta sexta (24), Lula embarca para a Malásia para participar da Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Trump também participará do evento.
🔎 A Cúpula da ASEAN é o evento em que as principais lideranças do bloco formado por 10 países do sudeste asiático se reúnem para discutir cooperação regional, crescimento econômico e estabilidade em seus territórios. Participam desse bloco países como Filipinas, Indonésia, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietnã.
"Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. Nós queremos democracia comercial e não protecionismo. [...] Tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas. Essa é uma coisa que nós precisamos mudar."
💰 Contexto: Lula defende a adoção de uma moeda diferente do dólar para comércio entre países do grupo há anos, como forma de diminuir a dependência da moeda americana. O Brics é um grupo de países emergentes que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, entre outros.
- A visita de Lula à Indonésia marca o início da agenda asiática do presidente, que tem como foco ampliar o comércio de proteína animal brasileira, reforçar parcerias ambientais e estreitar laços diplomáticos com países do Sudeste Asiático.
Nesta sexta (24), Lula embarca para a Malásia para participar da Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Trump também participará do evento.
🔎 A Cúpula da ASEAN é o evento em que as principais lideranças do bloco formado por 10 países do sudeste asiático se reúnem para discutir cooperação regional, crescimento econômico e estabilidade em seus territórios. Participam desse bloco países como Filipinas, Indonésia, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietnã.
Em seguida, foi feita a fotografia oficial e Lula assinou o livro de visitas do Palácio Merdeka, um gesto simbólico que marca o início da visita de Estado.
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Lula chega ao Palácio Merdeka para reunião com o presidente da Indonésia — Foto: Reprodução
Logo no início do encontro desta quinta, os presidentes Lula e Subianto falaram sobre as boas expectativas. O presidente indonésio afirmou admirar a excelência de Lula e os programas feitos ao povo brasileiro.
Lula disse que é uma grande alegria voltar à Indonésia depois de 17 anos, mas que desde 2008 os países possuem uma parceria estratégica e que espera renovar a relação com essa visita.
"É com muita alegria que estou aqui, com muita esperança e muita disposição, para trabalhar para que a relação Indonésia-Brasil seja uma relação cada vez mais produtiva, mais rentável para nossos povos", afirmou Lula.
Lula usou sua conta no X para publicar sua chegada ao Palácio Merdeka, reforçando a relação bilateral entre os países, que tem se aprofundado em diversas áreas, como comércio agrícola, bioenergia, defesa e desenvolvimento sustentável.
Logo depois, ocorreu a reunião ampliada entre as comitivas brasileira e indonésia, com a presença de ministros e assessores dos dois governos. O encontro tratou de acordos comerciais, parcerias ambientais e investimentos em infraestrutura verde.
A programação seguiu com um almoço de trabalho oferecido por Prabowo Subianto em homenagem a Lula.
A reunião entre os presidentes estava prevista para durar 30 minutos, mas durou uma hora. Segundo informações apuradas pelo correspondente internacional Felippe Coaglio, a conversa foi muito positiva.
- 💰 Lula e Subianto discutiram temas como a liberação do frango brasileiro para o programa do governo de alimentação para crianças, grávidas e lactantes; aumentar o envio de carne brasileira; e identificaram oportunidades para a Embraer suprir demandas do governo indonésio e da aviação comercial. O país já usa o Super Tucano da Embraer desde 2011 e podem fechar acordos.
Lula e Prabowo Subianto falaram com a imprensa após a reunião. Os presidentes demonstraram muita satisfação nos acordos, que foram principalmente nas áreas comerciais, tecnológicas, de defesa e agricultura.
Subianto afirmou que os presidentes possuem "sinergia" em diversos fatores, como no setor internacional, político, econômico e comercial. Também falou sobre a relação multilateral e cooperação entre eles, além de serem membros do Brics e G20.
Lula afirmou que são duas nações determinadas a assumir o lugar que os corresponde em uma ordem em profunda transformação e que o mundo em desenvolvimento deve muito à Indonésia.
O presidente do Brasil também disse que "não faltam oportunidades para o comércio de produtos de maior valor agregado, em especial no setor de defesa", enaltecendo a indústria militar brasileira e se mostrando disposto a contribuir para as necessidades estratégicas da Indonésia, em particular a Força Aérea Brasileira (FAB).
"Indonésia e Brasil compartilham o compromisso com a paz, com o desenvolvimento sustentável e com a promoção de uma ordem internacional mais justa", afirmou o presidente do Brasil.
Lula comentou que encontrará Subianto em alguns dias na Cúpula da ASEAN, e que a decisão brasileira de reforçar a cooperação com a Indonésia e com o Sudeste Asiático 'não poderia ser mais acertada'.
Nas últimas duas décadas, o comércio entre os dois países cresceu mais de três vezes, de US$ 2 bilhões para US$ 6,5 bilhões. Em 2024, a Indonésia foi o quinto destino das exportações do agronegócio brasileiro. Para Lula, esses valores ainda são tímidos diante do potencial dos mercados consumidores.
Lula também disse sobre ele e o presidente Subianto concordarem quanto à urgência de agirem com determinação para vencer a crise climática, pois a Indonésia tem sido um parceiro fundamental nessa luta.
Os países estão entre os maiores países detentores de floresta tropicais e com maior biodiversidade do mundo, segundo Lula. Também são grandes produtores de biocombustíveis, que terão papel fundamental a desempenhar na transição para economias de baixo carbono.
"Indonésia e Brasil trabalharão juntos para uma transição energética justa, rumo a economias menos poluentes e mais sustentáveis, sem prescindir da geração de empregos de qualidade e da redução das desigualdades", relatou Lula.
Ele disse que agradeceu ao apoio do presidente Subianto à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontecerá em alguns dias em Belém (PA).
Por fim, Lula confirmou que disputará quarto mandato e aceitou ao convite de Subianto para comemorarem seus aniversários - o presidente da Indonésia completou 74 anos no dia 17 e Lula fará 80 no dia 27.
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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante fotografia oficial e assinatura do livro de visitas, no Palácio Merdeka. — Foto: Ricardo Stuckert/PR
Expectativa de encontro com Donald Trump
Lula seguirá para a Malásia, onde participará da cúpula da ASEAN e poderá se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo reportagem da Reuters, o governo brasileiro propôs o encontro no início do mês, e os dois líderes tiveram uma “conversa muito boa” por telefone dias depois. Autoridades dos dois países avaliam que a cúpula asiática representa um local neutro e diplomático para a reunião, o que permitiria um diálogo mais direto sobre temas econômicos e regionais.
O Planalto vê a conversa como uma oportunidade para “reorganizar a relação” entre os países e buscar a suspensão das tarifas impostas em julho.
Também devem estar na pauta as medidas restritivas a autoridades brasileiras e a posição dos EUA sobre Venezuela e Colômbia — temas em que Lula tem insistido em defender uma “zona de paz” na América do Sul.
Por g1
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